Não sou um leitor fiel mas rendo-me facilmente aos textos bem escritos, às idéias bem construídas... Como todo mundo, tenho variações de humor que horas me fazem pender para um lado, horas para o outro... Mas, como já falei diversas vezes, acostumei-me com essa constante busca pelo equilíbrio. Gabriel Garcia Marquez escreveu um dos mais belos contos que já tive a oportunidade de ler... Ele fala de transformação e de como podemos interferir, ainda que por inércia, na vida das pessoas... Prefiro, metaforicamente, ser o morto que transforma a ser um dos vivos que se arrepende de tudo o que nunca fez! Mas, confesso, já tive dias de morto e de vivo!
De presente para vocês, o “Morto na Aldeia” de Gabriel Garcia Marquez:
“Era uma aldeia de pescadores perdida num fim de mundo, onde a monotonia e o tédio haviam se apossado dos corpos dos homens e das mulheres, de sorte que, dos seus olhos, fugira toda a luz, e ninguém esperava receber das palavras de alguém fosse beleza, fosse sorriso, fosse amor... Era a eterna repetição do mesmo enfado e do mesmo tédio...Foi então que um menino que olhava para o mar viu uma forma flutuando ao longe, diferente de tudo o que ele já havia visto. Ele gritou - e todos vieram correndo, na esperança, talvez, de uma novidade que lhes desse assunto sobre o que falar.E lá ficaram, parados na praia, esperando, até que finalmente o mar, sem pressa, depositou a coisa estranha na areia... Era um morto desconhecido, tendo por roupa só as algas, os liquens e as coisas verdes do mar.Desconhecido, sem passado e sem nome... Mas tinham de fazer o que deviam: os cadáveres têm de ser enterrados. E era costume naquela aldeia que os mortos fossem preparados pelas mulheres para o sepultamento. Assim, o levaram para uma casa e o colocaram eucaristicamente sobre uma mesa, as mulheres de dentro, os homens de fora, e grande era o silêncio - até que uma delas, com voz trêmula, observou: "Tivesse ele morado em nossa aldeia, teria de ter abaixado a cabeça sempre para entrar em nossas casas, pois é alto demais"... E todos assentiram com um imperceptível gesto de cabeça.Mas logo uma outra falou - e perguntou como teria sido a voz daquele homem, se teria tido em sua boca as palavras que fazem com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo... E todas sorriram, algumas delas chegando a passar as mãos pelo cabelo, com saudades...E grande foi o silêncio, até que aquela que limpava as mãos inertes do morto perguntou sobre o que elas teriam feito, se teriam construído casas, travado batalhas, navegado mares e se teriam sabido acariciar o corpo de uma mulher...Ouviu-se, então, um discreto bater de asas, pássaros de fogo entrando pelas janelas e penetrando nas carnes.E os homens, espantados, tiveram ciúme do morto -que era capaz de fazer amor com suas mulheres de um jeito que eles mesmos não sabiam. E pensaram que eram pequenos demais, tímidos demais, feios demais, e choraram os gestos que não haviam feito, os poemas que não haviam escrito, as mulheres que não haviam amado.Termina a história dizendo que eles, finalmente, enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.”
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
MENSAGEM DE NATAL E UM FELIZ 2010!
DESEJO AOS MEUS AMIGOS
Lembro-me de ter iniciado este texto pelo menos uma dúzia de vezes com a intenção de escrever algo que fugisse do senso comum. Algo que não falasse da imensa confusão entre a simbologia do Natal e a avalanche de consumo que esta época do ano evoca, de projetos mirabolantes para o ano novo, que não se perdesse em meio a tantos votos de paz, amor, fraternidade, esperança... desejos sempre bem vindos em qualquer época do ano. Assim sendo, resolvi inovar nos meus desejos a todos os meus amigos, de perto e de longe, novos e antigos, aos que merecem assim ser chamado e aos colegas e companheiros.
Desejo a vocês que em 2010 vocês tenham muitos problemas para resolver! São os problemas que nos desafiam, nos encorajam e fazem nos sentirmos úteis, produtivos, criativos e vivos! Que vocês tenham grandes vitórias mas também alguns fracassos para entender que saber ganhar é fácil, difícil mesmo é saber perder. Que se orgulhem de muitos feitos e se arrependam de outros tantos! Que amem muito e também sejam amados. E que tenham, pelo menos uma vez, esse amor colocado à prova! Estar fora do controle em algumas situações é a melhor forma de exercitar a nossa humildade. Que chorem de alegria e de tristeza e entendam de maneira sábia que isso é parte do ciclo da vida que se renova a cada instante. Que vivam, de forma grandiosa e intensa, mas que tenham a consciência de que somos parte de algo maior e que cada decisão que tomamos afeta diretamente não apenas as nossas vidas mas a de muitas pessoas que nos cercam: e que considerem isso em suas escolhas! Que sejam felizes mas que não ganhem essa felicidade de “mão beijada”: que lutem por ela, que a conquistem e, principalmente, que a mereçam! E que agradeçam, sempre, por tudo que conquistarem por mais irrelevante que esta conquista lhes pareça.
Feliz Natal e um 2010 pra entrar na história de cada um de vocês!!!
São dos votos do amigo,
CHRISTIAN MELO
Lembro-me de ter iniciado este texto pelo menos uma dúzia de vezes com a intenção de escrever algo que fugisse do senso comum. Algo que não falasse da imensa confusão entre a simbologia do Natal e a avalanche de consumo que esta época do ano evoca, de projetos mirabolantes para o ano novo, que não se perdesse em meio a tantos votos de paz, amor, fraternidade, esperança... desejos sempre bem vindos em qualquer época do ano. Assim sendo, resolvi inovar nos meus desejos a todos os meus amigos, de perto e de longe, novos e antigos, aos que merecem assim ser chamado e aos colegas e companheiros.
Desejo a vocês que em 2010 vocês tenham muitos problemas para resolver! São os problemas que nos desafiam, nos encorajam e fazem nos sentirmos úteis, produtivos, criativos e vivos! Que vocês tenham grandes vitórias mas também alguns fracassos para entender que saber ganhar é fácil, difícil mesmo é saber perder. Que se orgulhem de muitos feitos e se arrependam de outros tantos! Que amem muito e também sejam amados. E que tenham, pelo menos uma vez, esse amor colocado à prova! Estar fora do controle em algumas situações é a melhor forma de exercitar a nossa humildade. Que chorem de alegria e de tristeza e entendam de maneira sábia que isso é parte do ciclo da vida que se renova a cada instante. Que vivam, de forma grandiosa e intensa, mas que tenham a consciência de que somos parte de algo maior e que cada decisão que tomamos afeta diretamente não apenas as nossas vidas mas a de muitas pessoas que nos cercam: e que considerem isso em suas escolhas! Que sejam felizes mas que não ganhem essa felicidade de “mão beijada”: que lutem por ela, que a conquistem e, principalmente, que a mereçam! E que agradeçam, sempre, por tudo que conquistarem por mais irrelevante que esta conquista lhes pareça.
Feliz Natal e um 2010 pra entrar na história de cada um de vocês!!!
São dos votos do amigo,
CHRISTIAN MELO
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
SAUDADE
Saudade não rima com paixão, tesão, amor...
Saudade rima sim com vontade;
Vontade de estar junto, dividir momentos, repetir gestos simples e outros grandiosos...
É por isso que sentimos saudade de lugares, de pessoas, de gente que partiu e de quem vai chegar...
Saudade não se mata, não se esgota: se acalenta, se abranda...
Saudade não tem hora, não tem lugar...
Chega e toma conta da gente sem pedir licença.
De saudade não se morre, tampouco se deve viver.
Saudade rima sim com vontade;
Vontade de estar junto, dividir momentos, repetir gestos simples e outros grandiosos...
É por isso que sentimos saudade de lugares, de pessoas, de gente que partiu e de quem vai chegar...
Saudade não se mata, não se esgota: se acalenta, se abranda...
Saudade não tem hora, não tem lugar...
Chega e toma conta da gente sem pedir licença.
De saudade não se morre, tampouco se deve viver.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Loucos e Santos
Texto de Oscar Wilde
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
E quem nunca cometeu uma insanidade de amor ou amizade que atire a primeira pedra! Quando louco, quero alguém que me lembre que a normalidade nos trás de volta a realidade e à razão. Quando santo, quero alguém que me tire do meu perfeito juízo fazendo crer que qualquer loucura, em nome da felicidade, vale a pena!
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
E quem nunca cometeu uma insanidade de amor ou amizade que atire a primeira pedra! Quando louco, quero alguém que me lembre que a normalidade nos trás de volta a realidade e à razão. Quando santo, quero alguém que me tire do meu perfeito juízo fazendo crer que qualquer loucura, em nome da felicidade, vale a pena!
sexta-feira, 24 de julho de 2009
INSONE
Nas noites em claro, incomodado pelo revolver dos travesseiros, os pensamentos em ebulição nos carregam para outras dimensões e nos fazem reféns dos nossos mais insólitos desejos e das nossas mais inconfessáveis necessidades.
Se me tiras o sono é porque, quando acordado, rouba-me o melhor que da alma se extrai.
Se me tiras o sono é porque, quando acordado, rouba-me o melhor que da alma se extrai.
terça-feira, 21 de julho de 2009
QUADRILHA DO PODER (em tempos de PT)
Um dos mais conhecidos poemas de Carlos Drumont de Andrade, sobre os descaminhos do amor, foi este:
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
Que me perdoe Drumont por parodiá-lo, mas Quadrilha de verdade é a minha, a Quadrilha do Poder:
QUADRILHA DO PODER (Em tempos de PT)
Sarney é apoiado por Renan Calheiros que é aliado de Fernando Collor que agora é amado por Lula que patrocina a UNE que não faz nada por ninguém.
Sarney ainda é Presidente do Senado, Renan permanece na política, Collor continua cínico, Lula ainda é adorado por seus súditos acéfalos e a UNE defende sua patrocinadora, a Petrobrás, que, ainda não tinha entrado, e nem entrará, na história.
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
Que me perdoe Drumont por parodiá-lo, mas Quadrilha de verdade é a minha, a Quadrilha do Poder:
QUADRILHA DO PODER (Em tempos de PT)
Sarney é apoiado por Renan Calheiros que é aliado de Fernando Collor que agora é amado por Lula que patrocina a UNE que não faz nada por ninguém.
Sarney ainda é Presidente do Senado, Renan permanece na política, Collor continua cínico, Lula ainda é adorado por seus súditos acéfalos e a UNE defende sua patrocinadora, a Petrobrás, que, ainda não tinha entrado, e nem entrará, na história.
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